Neste domingo, 5,4 milhões de eleitores e eleitoras vão às urnas em Santa Catarina para eleger um presidente da República, um senador, um governador, 16 deputados federais e 40 estaduais. A campanha foi curta e polarizada pela eleição presidencial, mas ganhou fervura nos últimos dias com o acirramento da disputa entre o candidato à reeleição Carlos Moisés (Republicanos) e o senador Jorginho Mello (PL).
Jorginho Mello e Décio Lima (PT), apesar das diferenças de estilo e lado, fazem campanha pedindo votos aos números dos seus respectivos candidatos a presidente Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. O PL fez a campanha mais robusta, com investimento de R$ 9,4 milhões do Fundo Partidário na candidatura de Jorginho e da vice Marilisa Boehm. Aliás, a tática de destinação de recursos reservados às mulheres para chapas encabeçadas por homens usada pelo PL em pelo menos quatro estados, conforme levantou o site O Antagonista, tem sido questionada na Justiça Eleitoral.
De todo modo, só o que Jorginho gastou com adesivos e impressos equivale ao total que o petista Décio Lima dispôs para a campanha, R$ 2,5 milhões.
Esperidião Amin (PP) e Carlos Moisés pedem comparação entre os candidatos. Amin fez a segunda campanha mais rica, com R$ 5 milhões do fundo eleitoral, e uma narrativa de legado. Entusiasmado, aponta que em toda parte de Santa Catarina encontra realização dos seus dois mandatos como governador, dois como senador e três como deputado federal e dois como prefeito da Capital.
Moisés, estreante na política, garante que fez o governo mais municipalista do Brasil. Com sua jaqueta estilo Zelensky, tem dito que também enfrentou uma guerra e que a atual administração é de algum modo incomparável, pelo enfrentamento à crise sanitária global e o livramento em duas tentativas de impeachment.
Santa Catarina saiu da pandemia com menos mortes e mais empregos do que qualquer outra unidade da federação. É o estado mais seguro do Brasil, tem o terceiro IDH mais alto, só perde para São Paulo em competitividade e tem a melhor expectativa de vida. Mesmo assim, tem grandes desafios em logística de transporte, enfrenta retenção nos atendimentos de saúde e apagão de mão de obra. Quer porque registra evasão de 20% dos estudantes do Ensino Médio ou, pelo lado positivo, porque, com o teletrabalho na pandemia, a mão de obra especializada em tecnologia foi disputada pelo Brasil e pelo exterior.
No último debate da NSC, Moisés e concorrentes rivalizaram sobre a Santa Catarina em que vivem. Se na SC quase perfeita do governador licenciado ou no mar de problemas dos demais. As urnas vão finalmente dizer em qual Estado estão vivendo os catarinenses. Ou pelo menos a maioria dos catarinenses, já que é disso que trata a democracia.
Dos dois, um
Esperidião Amin apresentou notícia-crime ao Ministério Público para que seja apurada a denúncia feita por Carlos Moisés no debate da NSC TV, quando disse que o senador teria lhe pedido para não reduzir contrato de seu interesse. “Se Moisés estiver certo, Jorginho cometeu o crime de advocacia administrativa. Se estiver errado, Moisés cometeu o crime de calúnia. Ambos devem explicações aos catarinenses”, raciocina o candidato. O MPSC não havia registrado protocolo até ontem.
O que rolou
A menção do governador licenciado relaciona-se a três contratos com a Reviver para serviços gerais nos presídios de Lages, Itajaí e Joinville. O contato com o senador teria ocorrido quando de nova licitação, mais ou menos alertando que os novos contratados dariam dor de cabeça, que era melhor manter o contrato com a empresa baiana especializada em administração prisional. Ocorre que com o novo contrato, o Estado passou a economizar R$ 47 milhões ao ano. Moisés alega que não sabia do que se tratava na ocasião da conversa e só então foi apurar.
Reação
Jorginho Mello, que no debate disse tratar-se de mentira e exigir provas do suposto pedido de favorecimento, confirma que vai processar Moisés por calúnia e difamação. Sua assessoria informa que serão dois procedimentos judiciais: ação de danos morais na Justiça comum por ofensa à honra e notícia-crime ao Ministério Público Eleitoral por calúnia eleitoral. Ele e Moisés travaram guerra de versões também quanto ao pedágio em rodovias catarinenses.
Agroinvestimento
Com investimento de R$ 27 milhões operacionalizados pelo Brde, a Fecoagro amplia unidade industrial e de fertilizantes no complexo de São Francisco do Sul. A nova misturadora tem tecnologia de última geração e duplica a capacidade de produção de 60 para 120 toneladas/hora. O governador em exercício, Moacir Sopelsa (MDB), deve participar da inauguração nesta sexta. Para o diretor financeiro Brde, ex-governador Eduardo Pinho Moreira, “o investimento traz impacto relevante para o setor, com maior qualidade dos fertilizantes e aceleração na entrega de adubo às cooperativas que movimentam o agronegócio catarinense.” O apoio do Brde ao setor, lembra o vice-presidente e diretor de Acompanhamento e Recuperação de Créditos, Marcelo Haendchen Dutra, alcança em torno de R$ 50 milhões com os seis projetos apoiados anteriormente. Arno Pandolfo, presidente da Fecoagro, explica que o investimento dá agilidade e qualidade à produção, que poderá ser ampliada à medida que aumente a matéria-prima. A guerra da Rússia na Ucrânia tem provocado a escassez de insumos para a produção agrícola no mundo inteiro.
Produção e edição: ADI/SC jornalista Adriana
Baldissarelli (MTb 6153) com colaboração de Cláudia
Carpes. Contato peloestado@gmail.com