ENTREVISTA
“Vamos subir a régua e agregar valor, fazer com que Estado seja, de verdade, o melhor do Brasil”
Em encontro com representantes dos jornais e portais do interior de Santa Catarina, o candidato do PL ao governo do Estado, Jorginho Mello, disse que não vai cantar vitória antes do resultado, mas tem recebido apoio de todos os partidos e lideranças que apoiam Bolsonaro. Tudo está dentro do previsto, garantiu. Sobre composição do secretariado não é hora de falar, mas sobre governabilidade já adiantou que embora tenha a maior bancada, a presidência da Assembleia Legislativa não ficará com o PL. Articulado e experiente, Jorginho pretende “chegar fazendo” ações para acabar com as filas na saúde, pagar a faculdade dos sonhos e recuperar a malha viária.
“Governador tem que gostar de gente, eu gosto de gente, por isso quero chegar fazendo. “
Como está a campanha de segundo turno?
A campanha está se desenvolvendo conforme a gente previu. Antes tínhamos 43 segundos na propaganda eleitoral, agora são cinco minutos, antes tínhamos dois comerciais por dia, agora são 25. Agora tenho a oportunidade de explicar melhor o plano de governo que submetemos ao eleitor. Estou visitando as regiões, empenhado na campanha do presidente.
O sr. parece sério, não canta vitória…
Ninguém pode cantar vitória antes, as urnas vão falar dia 30 de outubro. Evidentemente temos números animadores nas pesquisas internas, mas estamos muito focados na eleição do presidente Bolsonaro e na nossa, esperando dois resultados muito positivos.
Qual vai ser seu estilo de gestão? O segundo turno, com novos apoios, altera o plano inicial?
Não altera nada, sempre sonhei ser candidato a governador, me preparei para isso. Desde que me elegi senador comecei a construir a candidatura ao governo, formando nominatas fortes de deputado estadual e federal. O resultado veio. A gente sabia que não tinha mais coligação, a coligação teria de ser com o povo.
A deputada Carmen Zanotto e o professor Aristides Cimadon são nomes de possíveis secretários de Estado?
Não, não defini absolutamente nada. A deputada Carmen Zanotto é uma referência em saúde. É uma mulher com credibilidade, se reelegeu agora, fez belíssima votação, mais de 130 mil votos. Ela tem guarda-roupa para ser secretária, sem dúvida nenhuma. O professor Cimadon é um amigo de muitos anos, reitor, presidente da Acafe. Então, não fico triste com os comentários, mas não tenho decisão nenhuma sobre secretariado. A especulação é muito grande, quem vai ser comandante da Polícia, quem isso, quem aquilo. Agora é eleição. Depois que terminar a eleição, dia 30, se eu for eleito, aí é que vamos começar a tratar disso.
As finanças do Estado parecem estar em ordem. O orçamento 2023 não tem déficits. Isso ajuda a “chegar a fazendo”?
O governo que aí está cometeu alguns erros e, na política, se cometer erros, o prejuízo é imediato. Erro de comunicação, erro de não ser tão duro nas compras, nas despesas. Quando tem uma pandemia todo mundo fica frenético. Aí, nesse momento pode dar confusão, como deu, comprar respiradores de alguém que não entregou e o dinheiro, infelizmente, foi para uma casa de massagem no Rio de Janeiro. Isso ficou uma coisa ruim, as pessoas não perdoam isso. Não foi mixaria, foram R$ 33 milhões. O que eu quero fazer? O Estado de Santa Catarina sempre foi assim: é o último a entrar e o primeiro a sair da crise. Pelo que produz, pelo que representa, pela qualidade da sua gente. O orçamento de 2023 é R$ 43 bilhões. Somos um Estado diferente, mas que tem muitos gargalos, como a infraestrutura e a qualificação profissional. Nosso empresário tem de buscar gente fora, na área de TI, por exemplo, porque o Ensino Médio não forma pra nada. No nosso governo vai formar, vamos utilizar as instalações da Acafe, fazer uma grande parceria com Sistema S, para dar a formação profissional qualificada por região, para que as pessoas ganhem mais, coloquem mais dinheiro no bolso. E depois fazer a faculdade dos seus sonhos. Vamos comprar as vagas do Sistema Acafe. Já fiz uma reunião com as privadas, as particulares, para que também eles tenham algum ganho. Não tenho intenção nenhuma de prejudicá-las. Mas o projeto para ter começo, meio e fim tem de partir de algum lugar. Hoje, se um filho passa em Medicina que não seja na Federal, em vez de ser uma festa em casa é um velório porque não tem dinheiro para pagar a faculdade. Agora vai poder cursar e vai pagar depois de formado parte disso com trabalho prestado, trabalhando cinco horas por semana para o Estado naquilo em que se formou. É uma inovação. Com ensino técnico e a faculdade dos sonhos vamos fazer subir a régua da qualificação em Santa Catarina. Vamos agregar valor, fazer com que esse Estado seja, de verdade, o melhor do Brasil. Precisamos falar em saneamento. Hoje é uma vergonha: 75% de SC não têm saneamento básico. Temos de falar de energia trifásica, tem 10% no interior. Tem empresas querendo sair de SC para o Paraná por causa disso. Temos que investir maciçamente nisso. Terminar essas BRs, as duplicações e depois pedagiar as federais. O governador atual colocou um comercial mentiroso na televisão que eu queria pedagiar tudo. Não, temos de recuperar as federais, o mais rápido possível. É isso que a bancada federal faz há muito tempo: arruma dinheiro, arruma dinheiro, bota no orçamento, para terminar a duplicação da 470, fazer a terceira faixa da 282, a 280, a 285, a 163 lá no extremo oeste que está sendo feita com concreto. Temos que dar uma aliviada nisso e, depois, já estão no plano de pedagiamento do governo federal. As sete BRs e as 25 estaduais que o governador colocou. Foi ele quem colocou.
O sr vai tirar?
Eu vou tirar as estaduais, senão vai virar tudo em pedágio. A Fiesc fez um trabalho e ele aplicou só 30% do que tinha que aplicar em conservação. É por isso que está ruim, tinha de aplicar R$ 270 milhões e aplicou R$ 94 milhões. É por isso que ficou buraco esperando no acostamento. Vou tirar as 25 que ele colocou para pedagiar. Enfim, temos um monte de encrenca na saúde, tem de regionalizar a saúde, parar com essas ambulâncias dia e noite trazendo para radioterapia, quimioterapia. Temos de regionalizar, eleger hospitais de referência para cuidar de alta e média complexidade. Hoje temos 173 hospitais, 152 são filantrópicos, vamos fazer parceria com eles. Temos de fazer o médico se interessar em fazer cirurgia, se o SUS paga R$ 500, vamos pagar mais R$ 500, para que ele faça no sábado, no domingo. Hoje tem pessoas que estão com tendão rompido há dois anos, a perna já está vermelha, correndo risco, sarando mal, ombro que quebrou sarando fora do lugar, fazendo diferença na musculatura. Governador tem que gostar de gente, eu gosto de gente, por isso quero chegar fazendo.
O presidente da Assembleia vai ser do PL ou como o sr vai tratar dessa composição?
Não, não será do PL. Vamos ver a composição. Temos 11 deputados, de forma respeitosa vamos sentar com os outros partidos para conversar. Vamos ver o que é melhor, fazer rodízio. Enfim, tenho experiência, fiquei quatro mandatos ali, fui presidente, sei como funciona. Então, de forma muito respeitosa, vamos esperar passar a eleição, depois vamos sentar. Já sentei com toda minha bancada, os federais, estaduais, para cumprimentar, para abraçá-los, para dizer da importância da eleição deles, que fiquei muito feliz, o projeto deu certo, elegemos uma bancada muito maravilhosa, o senador eleito, só falta o governador. Para trabalhar todo mundo junto. Especulações saem, fulano quer ser presidente, isso é normal, é do Parlamento, ninguém pode achar que não deva cogitar, cada um é livre para fazer o encaminhamento, mas eu não tratei disso com ninguém ainda, e não é momento para tratar, só depois da eleição.
Edição e textos:
ADRIANA BALDISSARELLI
PARA ADI/SC E APJ/SC