ENTREVISTA
Sérgio Rodrigues Alves, presidente Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina, receberia hoje os dois candidatos ao governo do Estado Jorginho Mello (PL) e Décio Lima (PT) para a rodada de diálogo, em segundo turno, sobre as prioridades de investimento em Santa Catarina. O candidato da Frente Democrática, contudo, declinou do convite depois que a Facisc manifestou em nota sua preferência pela pauta ideológica do atual presidente, Jair Bolsonaro.
No primeiro turno, a Facisc produziu e entregou a todos os candidatos o Voz Única, levantamento das 700 principais necessidades em infraestrutura, educação, saúde e segurança. Agora espera monitorar os avanços durante o mandato. Em entrevista por zap à Pelo Estado, Alves avaliou os resultados e adiantou a expectativa para o segundo turno.
Com relação ao governo do Estado, como viu o desempenho de Moisés?
Em relação ao governo do Estado e ao desempenho do governador Moisés, diria que foram dois anos bons. O governador Moisés saneou o Estado, investiu na infraestrutura, inclusive em obras federais. Fez a reforma previdenciária estadual, muito importante para as contas públicas. Investiu em educação acima dos limites exigidos por lei e, na minha opinião, fez a sua parte em dois anos, haja visto que nos outros dois anos, sofreu desgastes políticos desnecessários, passamos por duas situações de impeachment ,talvez por falta de melhor articulação política. Mas em dois anos, cumpriu sua intenção de ajudar e sanear o Estado e de promover investimentos.
Como avalia as novas bancadas estadual e federal?
Acredito que vai depender muito do trabalho que se faça de interlocução com o Fórum Parlamentar Catarinense para que a classe empresarial, associativa, seja escutada e seja considerada no âmbito dos governos estadual e federal. Precisamos de mais investimentos, isto é uma consciência que existe em todos os nossos representantes agora eleitos. A importância de maiores investimentos federais em SC. A nossa parte é promover esta aproximação e essa interlocução. Foi o que a sociedade entendeu como os melhores representantes e vamos ter de trabalhar muito, em sintonia com todos eles.
Com o novo senador que é um político de primeiro mandato, como será construída a relação?
Não tenho a menor dúvida que nosso senador eleito Jorge Seif vai lutar muito por Santa Catarina. É uma pessoa de muito bom trato, sensível aos problemas que temos no Estado e está com intenção de ajudar e contribuir muito com o governo estadual e também com governo federal. Caberá a nós, classe associativa e representativa essa aproximação, diálogo e a procura de apoio, até para ajudar no trabalho deles em Brasília.
Como avalia o fato dos dois concorrentes não terem experiência em mandados executivos majoritários?
Em relação aos dois candidatos ao governo do Estado, Jorginho Mello e Décio Lima, ambos têm muita experiência no campo político. Eles têm noção da importância de fazer um trabalho de gestão. Santa Catarina é um Estado que já se destaca no âmbito nacional pela sua economia, pelos seus índices de crescimento. Estamos solicitando aos dois candidatos que considerem a voz do empresariado junto ao governo através da criação de um conselho de desenvolvimento. Acredito que nenhum dos dois seria contra porque é a somatória de esforços. Vejo tanto no senador e candidato Jorginho como em Décio Lima pessoas com capacidade, com competência e vontade de querer ajudar a sociedade catarinense. Acredito que possam vir a fazer uma ótima gestão. Naturalmente, temos de observar alguns princípios e conquistas que não podemos perder. Fizemos uma reforma previdenciária e isso deve ser mantido, ajudou a sanear as contas, temos de aumentar as concessões, enxugar a máquina do Estado. Espero que todos os dois tenham essa firmeza e consciência para executar este trabalho. Nós estamos dispostos e queremos contribuir na gestão daquele que for eleito.
Por último, venceu a verticalização, a força das eleições nacionais, isso tem quais vantagens e quais desvantagens?
Sem dúvida a verticalização e a influência das eleições nacionais tiveram e terão reflexos aqui na eleição estadual. Somos um Estado tradicionalmente ligado mais à direita do que à esquerda. A força do 22, vamos dizer assim, do candidato Bolsonaro tem um peso muito forte aqui dentro de Santa Catarina e o candidato Jorginho Mello larga com uma boa vantagem nessa disputa do segundo turno. Sem dúvida tem apoio muito forte. Mas, sem dúvida, temos que considerar que aquilo que o PT e Décio Lima queriam _ o palanque para o candidato da esquerda _ conseguiram. A sociedade está neste momento de decisão e, por tradição e pelo histórico de outras eleições, a influência do conservadorismo catarinense tem uma forte tendência de prevalecer.
Sem abaixar a cabeça
O candidato da Frente Democrática (PT, PSB, PCdoB, PV e Solidariedade) ao governo de Santa Catarina, Décio Lima, disse a trabalhadores e apoiadores que é preciso superar as pressões e o assédio eleitoral, e não “abaixar a cabeça” para os ataques do bolsonarismo. Décio assumiu compromisso com a pauta daAcij, em especial, garantiu que, se eleito, assumirá a folha de pagamento do Hospital Municipal de São José e os investimentos em infraestrutura e mobilidade para Joinville. Também defendeu a boa governança, sem fisiologia e compra de votos por meio de orçamento secreto como no governo de Jair Bolsonaro. As denúncias de assédio eleitoral sobre trabalhadores explodiram depois do primeiro turno, passando de 450 no Brasil. Dez por cento delas, ocorreram em SC. “Estamos a todo momento denunciando essas situações e não vamos nos submeter a isso em nenhum momento. Temos que continuar e acreditar na virada”, disse sobre a disputa estadual. “Eu sou o candidato improvável do provável. E isso me permite dizer para não se deixarem abalar com a pauta negativa, não percam tempo com isso. Temos que convencer e falar com os outros”, insistiu sobre as chances de vitória de Lula no Brasil.
Produção e edição: ADI/SC jornalista Adriana Baldissarelli (MTb
6153) com colaboração de Cláudia Carpes.
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