A Operação Internamento Involuntário, política pública lançada pela Prefeitura de Chapecó em março do ano passado, voltada a dependentes químicos, encaminhou 120 pessoas para tratamento somente em 2022. De acordo com a secretária de Assistência Social de Chapecó, Elisiani Sanches, do total de internados, 43 já estão organizados, com retorno familiar e muitos já trabalhando.
É o caso de um homem de 36 anos, que foi um dos primeiros internados, em março do ano passado, a partir de uma lista do Resgate Social da Prefeitura. Ele vivia há mais de cinco anos em situação de rua e sua mãe inclusive tinha medida protetiva, devido a um histórico de agressões. O homem foi internado por 30 dias para desintoxicação. Ficou em comunidade terapêutica por três meses e voltou a morar com os familiares.
No final do ano passado conseguiu emprego na construção civil e, com o salário, já conseguiu dar entrada num carro. Sua mãe, está muito feliz com a mudança.
“Estou muito agradecida, nossa, ele é outra pessoa, é outra vida. Ele me ajuda, está trabalhando, está indo pra igreja, é uma benção, graças à Deus”, disse.
Outro caso é de um homem de 38 anos, que foi internado em abril, à pedido da irmã. Ele tinha histórico de dependência química, chegava a consumir produtos de limpeza e ficar caído dentro de casa.
“Graças à Deus ele está muito bem. Está trabalhando e muito. Já se comprou uma moto grande e ajuda em casa”, disse a mãe.
Outras 15 pessoas ainda estão em comunidade terapêutica. Uma delas uma moradora de rua com 63 registros pelo resgate social. Ela está em Passo Fundo, mais próximo dos familiares.
De acordo com coordenadora do Resgate Social, Paula Gai, foram mapeadas 42 comunidades terapêuticas que prestam serviço gratuitamente. A Prefeitura encaminha as roupas, medicação, material de higiene e faz o acompanhamento. Os pacientes de Chapecó são encaminhados para essas comunidades nos três estados do Sul, para cidades como Lages, Rodeio, Indaial, Içara, Toledo, Francisco Beltrão, Viamão, Gramado, Alecrim, Horizontina, Santo Ângelo, Porto Mauá, Uruguaiana e Passo Fundo.
Outros 18 internados foram para essas comunidades e saíram, quatro estão em leitos de desintoxicação, um foi preso e 39 recaíram.
“Dentre os internados nós temos pessoas com histórico de dependência de 20 anos. São casos severos de dependência, mas nós não desistimos. Também é muito importante a adesão das famílias, para fortalecer o trabalho. Mesmos aqueles que estão organizados recebem o acompanhamento do CAPS AD, da Secretaria de Saúde”, destacou Paula.
O prefeito de Chapecó, João Rodrigues, disse que a ação surgiu a partir de uma demanda da comunidade.
“É uma ação que não tinha em outras cidades do Brasil e que muitas pessoas vieram buscar informações aqui.
Recebemos algumas críticas mas não poderíamos ficar omissos diante do pedido de pais e mães que nos procuravam desesperados pois os filhos estavam perdidos na droga. Também tínhamos muitos moradores de rua que estavam se acabando na droga e no alcool. O município criou uma política pública para tentar salvar essas pessoas, bancando o tratamento, buscando emprego e retorno familiar”, disse o prefeito.
A Prefeitura de Chapecó tem bancado os profissionais que fazem o acompanhamento, as clínicas de desintoxicação, que custam cerca de R$ 6 mil mensais por paciente, além do transporte para as comunidades terapêuticas.
As operações de Internamento Involutário contam com a participação do prefeito, da Secretaria de Assistência Social, Secretaria de Saúde, Guarda Municipal e Polícia Militar, Em 2023 outras 12 pessoas já foram internadas.
Fonte: Imprensa/PMC