Apesar da maior parte do eleitorado catarinense seguir na contramão nacional junto com Acre, Distrito Federal, Mato Grosso, Rondônia e Roraima, a tendência de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno é estável e a rejeição ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) é crescente. Nem os R$ 41 bilhões do pacote eleitoral para os mais pobres liberados pelo Centrão no Congresso Nacional, nem os atos de 7 de Setembro, melhoraram a performance do candidato à reeleição. Ao contrário. Até nos estados do Sul a rejeição chega a 49% do eleitorado.
Lula estará em Florianópolis para comício na Praça Trancredo Neves, às 10h deste domingo. A militância está empolgada para “descongelar corações”, depois de quatro anos sem que Lula visitasse o Estado.
Em 2002, o petista fez aqui o último comício antes de sua primeira eleição a presidente da República. No primeiro turno daquela eleição, os catarinenses haviam dado a Lula a maior vitória proporcional do Brasil com 56,59% dos votos. Mais do que 1,7 milhão de votos na época, a força do petista influenciou diretamente na disputa estadual. A eleição para governador ficou tão verticalizada que Luiz Henrique da Silveira começou a disputa apoiando José Serra e terminou no palanque petista, garantindo sua vitória de virada sobre Esperidião Amin. Na eleição seguinte, em 2006, Lula perdeu em Santa Catarina para Geraldo Alckmin que hoje é seu candidato a vice-presidente.
O ex-governador de São Paulo, aliás, tem sido ativo importante na campanha de Lula como sinal de que será um governo pacificador, de centro e responsável.
Com disputa apática para governador em Santa Catarina, ainda é invisível o efeito da verticalização sobre o eleitorado. Mas o candidato petista Décio Lima, com Bia Vargas a vice, primeira mulher negra a disputar majoritária, e Dário Berger ao Senado, ambos do PSB, confia na arrancada das últimas semanas. Com campanha bem estruturada, plural e amorosa, a Frente Democrática está pronta para ser percebida pelo público que deixa a decisão para a última hora. Especialmente as mulheres que apresentam um recorte de gênero inédito nas estatísticas: são elas, as que ganham menos e são mais numerosas, que vão definir estas eleições.
Agora é da família
A campanha de Carlos Moisés esquentou o MDB em Curitibanos, no comício organizado pelo prefeito Kleberson Lima. “Tenho inveja dos prefeitos de hoje. Já fui prefeito e nunca vi um governo tão municipalista. Moisés pensa nas pessoas”, disse o governador em exercício, Moacir Sopelsa. “Moisés agora é da família MDB! É a surpresa da minha vida. O MDB tem um legado de orgulho em Santa Catarina, de Pedro Ivo, Casildo Maldaner, Luiz Henrique e Paulo Afonso. Agora temos um governador que prometeu menos Brasília e mais Brasil e cumpriu, levando convênios para os 295 municípios. É um governador suprapartidário”, discursou Celso Maldaner, candidato ao Senado e presidente do MDB. Moisés retribuiu: “Senti um arrepio hoje com a família MDB. Tenho a honra de dizer que
conseguimos concluir o projeto do saudoso Luiz Henrique da Silveira, de dar acesso asfaltado a todas as cidades de Santa Catarina”. A semana do governador licenciado começou bem no Sul, mas ganhou calor e emoção em direção ao Oeste. Hoje, em Maravilha, os Maldaner prometem aquele tipo de movimentação que a militância possa “sentir a vitória na pele”, como dizia Luiz Henrique, em 2002.
Suíça, nada
Em agenda pelo Vale do Itajaí, Meio-Oeste e Oeste, Raimundo Colombo defendeu a reconstrução da harmonia entre os Poderes. O ex-governador e candidato ao Senado pela coligação Bora Trabalhar! (União Brasil, PSD e Patriota) situou que o processo político é muito humano, está ligado às motivações e sonhos, e que no Senado é preciso experiência para trabalhar pelas grandes reformas nacionais e melhorar a representatividade do Estado. “Santa Catarina vem sendo tratada como uma Suíça brasileira, como se não precisasse de nada, o que não é verdade”, lamentou. Para ele, a falta de sintonia e desarrumação entre os Poderes gera instabilidade e impede planos de longo prazo.
Sem censura
O candidato Gean Loureiro não conseguiu tirar do ar propaganda da campanha de Moisés que recomendava pesquisar sobre “escândalos” relacionados ao ex-prefeito da Capital. Ainda foi comparado a Bill Clinton, no caso Monica Lewinski, pelo juiz eleitoral Sebastião Ogê Muniz. “Se o direito de cada um dos personagens envolvidos à preservação de sua intimidade prevalecesse sobre a relevância política do ocorrido, o processo de impeachment não poderia ter sido aberto”, anotou o juiz sobre a decisão da Justiça dos EUA.
Prestígio
Mais de 3 mil pessoas participaram de evento da candidatura a deputado estadual de Julio Garcia (PSD) na Grande Florianópolis. O prefeito de São José, Orvino Coelho de Ávila, e da Capital, Topázio Neto, e a prefeita de Itapema, Nilza Simas, reconheceram o protagonismo político, o compromisso com a palavra e a luta em favor de pessoas portadoras de deficiência do ex-presidente da Alesc. Representando a chapa majoritária da coligação Bora Trabalhar!, Cintia de Queiroz Loureiro (foto), mulher de Gean, disse que Julio “é um amigo da nossa família e merece fazer uma grande eleição, porque é sério e trabalhador”. O líder, emocionado, disse que há duas palavras que segue na vida: respeito e gratidão.
Produção e edição: ADI/SC jornalista Adriana Baldissarelli (MTb
6153) com colaboração de Cláudia Carpes.
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