O jornalismo da Band, que há 40 anos lançou os debates eleitorais, inovou agora com o formato de banco de tempo na disputa direta entre os presidentes Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. O melhor resultado foi colocar, pela primeira vez, os dois candidatos frente a frente como pessoas reais. No cara a cara, Bolsonaro chegou a se aproximar e tocar o ombro do ex-presidente. Apesar da campanha do atual presidente tentar transformá-lo num candidato messiânico, um ungido, Lula lembrou do deputado federal de sete mandatos e seus gestos bem pragmáticos da época.
Como pessoas de verdade, não personagens de peças eleitoreiras de desinformação e ódio, os dois candidatos mostraram vulnerabilidades. Lula explorou bem a falta de empatia de Bolsonaro com as vítimas e o atraso na compra de vacinas. O Brasil tem 3% da população mundial e registrou 11% das mortes pela Covid-19. Bolsonaro reagiu, inclusive como se viu ao final com a presença do ex-juiz e ex-ministro da Justiça e senador eleito pelo Paraná Sérgio Moro, com apelos à Lava Jato e às acusações de corrupção com mensalão e petrolão.
Como sempre, o eleitorado compara o passado e vota pelo futuro que consegue enxergar no candidato. Como nunca, o resultado das urnas eletrônicas vai mostrar quem é o eleitorado brasileiro. A escolha em 2022 diz mais sobre a pessoa que vota, quem é, como vive e no que acredita, do que sobre os próprios candidatos.
“Cada região tem vários específicos, mas o problema que une SC é a infraestrutura”
O senador eleito Jorge Seif e Jorginho Mello andam como unha e carne nesse segundo turno. O candidato ao governo conta que “Tilápia”, como o chama carinhosamente, conheceu Bolsonaro numa ação do destino, tornou ex-secretário nacional de Aquicultura e Pesca e entrou para a lista dos filhos do presidente como o 06. Seif admirava o presidente e, numa ocasião em que o barco da família ficou retido no Rio de Janeiro, insistiu com seu pai para conhecer o presidente. A conversa foi tão animada que saiu convidado para ajudar a resolver os problemas da pesca que acabara de enumerar. Na Secretaria, disse Jorginho, Seif fez “uma limpeza ética”, modernizou e organizou o setor. Seif confirma que o seguro defeso era a maior fraude previdenciária do mundo e que cancelou 100 mil dos até 500 mil benefícios que foram pagos no Brasil. Em entrevista à Pelo Estado, Seif aponta que sua prioridade será infraestrutura.
Senador, qual será a prioridade do seu mandato?
Infraestrutura. Depois de rodar quase 30 mil quilômetros no Estado e perceber que cada região tem vários problemas específicos, mas há um problema que une Santa Catarina: a infraestrutura. Então, minha prioridade dentro do Senado Federal por Santa Catarina será realmente rodovias, portos e aeroportos, ferrovias. Esse será meu trabalho incansável. Lógico, virão outros problemas para resolvermos, mas nossa prioridade é melhorar a infraestrutura.
Com sua experiência na Secretaria da Pesca e SC com uma costa imensa, como vai ser atuação nesse setor?
Vou, com certeza, também fazer parte da bancada do agronegócio. A pesca e a aquicultura estão no agronegócio. Vou continuar ajudando este setor. Tudo o que tenho na minha vida é graças à pesca. Trabalho na peixaria do meu pai desde os 12 anos de idade. Devo muito à pesca e devo muito ao pescador. Vamos trabalhar nas necessidades, já fizemos muito na secretaria, a secretaria continua trabalhando bastante, e logicamente não vou desamparar aqueles que foram minha base, que sempre me deram tudo na vida.
Com relação à judicialização e ataques ao seu mandato por conta da relação com a Havan?
Estou muito tranquilo, porque minha agenda era pública e se alguém pegava e a compartilhava não era uma ilegalidade da minha campanha. O Luciano Hang, inclusive se ler o e-mail no caso específico que estão falando, ele disse: estarei em tal lugar, acompanhando o candidato Jorge Seif. Então, minha agenda era pública, estou muito tranquilo, já conversamos com o jurídico, não há nenhuma ilegalidade, não houve disparo em massa. Pelo contrário, foi um e-mail direcionado inclusive à imprensa, convidando a imprensa para acompanhar e talvez nos entrevistar.
Qual o público da abstenção que a campanha Bolsonaro e Jorginho estão buscando?
O que peço aos catarinenses é que cumpram seu dever cívico. Não podemos deixar uma quadrilha voltar ao poder. Mais de um milhão de catarinenses se abstiveram do seu direito de votar. Olhem para a América do Sul o que aconteceu. A América do Sul inteira, pelas abstenções, colocou pessoas terríveis no governo. Aqui, o catarinense é conservador, liberal na economia, tem os conceitos de família, é contra drogas, contra o MST que é uma quadrilha de terroristas do campo. Enfim, tudo que o outro lado não representa, nós precisamos fortalecer votando, indo às urnas no próximo dia 30 para votar e cumprir nosso dever cívico.
Produção e edição: ADI/SC jornalista Adriana Baldissarelli (MTb
6153) com colaboração de Cláudia Carpes.
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