A operação “Imagem Revelada” contra uma organização criminosa atuante em delitos de extorsão por meio eletrônico, que aplicava crimes conhecidos como “sextorsão”, ou golpe do nudes, foi deflagrada na manhã desta quarta-feira (17) pela Polícia Civil de Santa Catarina e a Polícia Civil do Rio Grande do Sul.
A investigação foi capitaneada pela Polícia Civil de Santa Catarina, por meio da Divisão de Investigação Criminal (DIC/PCSC) de São Bento do Sul, e passou a contar com o apoio da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, através da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos – DRCID/DEIC, já que todos os investigados são do Estado gaúcho.
Ao total mais de 60 policiais civis de SC e do RS cumpriram 11 mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão nas cidades de Cachoeirinha, Charqueadas, Montenegro, Novo Hamburgo e Porto Alegre, todas no RS. A operação contou, ainda, com o apoio no cumprimento das medidas cautelares dos policiais das delegacias especializadas do DEIC e da 1ª DP Novo Hamburgo da Polícia Civil do RS. Foram apreendidos em dinheiro R$ 59.755,00.
O inquérito policial foi instaurado a partir da notícia de uma vítima catarinense que teria depositado cerca de 70 mil reais para os criminosos, em virtude das ameaças perpetradas pelos bandidos, e a investigação revelou que a organização criminosa auferia lucros milionários com os crimes, chegando a extorquir mais de 250 mil reais de uma única vítima, residente em outro Estado da federação.
Os valores detalhados, porém, só serão sabidos após a conclusão da análise da movimentação financeira dos suspeitos e de ‘laranjas’ ligados aos investigados.
O golpe
Criminosos criam perfis falsos em rede social com fotos sensuais de garotas, que são chamadas por eles mesmos de “novinhas”, e passam a puxar conversas com homens de vários locais do país, preferindo vítimas que aparentam ter alto poder aquisitivo.
Fazendo se passar pela garota, os bandidos informam um número de aplicativo de mensagem para a vítima e começam conversas eróticas, enviando fotos sensuais da suposta garota, para que o interlocutor também envie fotos suas. De posse das conversas e do material trocado com a vítima, os criminosos passam a extorquir o interlocutor, alegando que a menina é adolescente e que então ele teria praticado crime.
Diante das ameaças de que será processado judicialmente e de que o caso será levado ao conhecimento da polícia para que o homem seja preso, os criminosos exigem determinada quantia em dinheiro para “abafar o caso”.
A trama é orquestrada e algumas pessoas atuam como falsos pais da adolescente, outros como falsos advogados da família, tudo para fazer com que a vítima desembolse dinheiro para realização de um prometido acordo.
Para transmitir credibilidade às exigências e causar pânico nas vítimas, os criminosos chegam a montar Delegacias de Polícia falsas, onde fazem imagens simulando a tramitação de investigações e até a expedição de mandados de prisão falsos.
Algumas vítimas acabam cedendo às chantagens e fazendo transferências aos criminosos antes de procurar a Polícia Civil para denunciar a extorsão.
O nome da operação
A opção pelo nome “Imagem Revelada” ocorreu porque a investigação conseguiu demonstrar que os perfis das garotas com fotos sensuais eram, na verdade, administrados por criminosos diversos, alguns deles de dentro da própria cadeia.
Além disso, o nome da operação pretende chamar a atenção para a verdadeira imagem da Polícia Civil, que é a de investigar crimes com responsabilidade e promover a segurança pública.
A Polícia Civil alerta que em nenhuma circunstância recebe ou solicita dinheiro para deixar de praticar atos de investigação e reafirma seu firme compromisso com a moralidade administrativa e com a realização dos atos de justiça criminal.
Inobstante os criminosos procurem vítimas de outros Estados pelo Brasil para aplicar os golpes, as Polícias Civis estão trabalhando de forma integrada, transpondo as fronteiras físicas, para investigar com compromisso em identificar e responsabilizar os agentes por trás dessas condutas criminosas.
(Com informações das Polícias Civis de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul)